O entrevistado da vez é o Sidney Gomes, jornalista mineiro que esbanja bom humor e boas sacadas no Twitter (@sidneygomesmg) e que é fã de carteirinha de programas como 30 Rock e Breaking Bad, entre outros, já que um de seus maiores passatempos é assistir séries dos mais diversos gêneros. Formado pela PUC Minas, este caratinguense, amante da música popular brasileira, fez parte do grupo que recebeu o prêmio Intercom pelo projeto Cidade Invisível, do qual participou na sua época de estudante. Na entrevista, Sidney conta como foi o dia em que deixou sua cidade natal, do mercado jornalístico em Belo Horizonte e de suas impressões sobre a televisão brasileira e as séries que tanto gosta de ver.
BLOG. Você nasceu em Caratinga, mas mora em Belo Horizonte, ambas em Minas Gerais. Como foi essa história, quando você se mudou para a capital e o que pode contar da sua cidade natal?
SIDNEY. Sair de Caratinga foi muito difícil. Eu tinha 18 anos e era uma época em que eu era apegado a tudo: família, amigos, à própria cidade... O dia da mudança foi um dos dias em que eu mais chorei na vida. Mas ao mesmo tempo eu queria ir embora. Eu precisava ir embora. É uma pena, pois muitas vezes sua cidade natal não oferece a menor estrutura para quem quer trabalhar com comunicação, ou qualquer que seja o ramo das artes. Caratinga é, digamos, uma cidade pragmática, rsrsrs. Por isso desde muito criança eu sabia que não ia durar muito lá, seria uma sacanagem comigo mesmo. Meu sonho era morar no Rio, que era nosso polo cultural. Mas ó, vou adiantando: Caratinga produziu muita gente boa, só que para exportação. O escritor e jornalista Ruy Castro, a jornalista Míriam Leitão, e o Ziraldo, um gênio das artes gráficas... todo mundo caratinguense. Só pra não reclamarem que eu não citei, o cantor Agnaldo Timóteo também é de lá. E, para não ser injusto, vivem na cidade intelectuais fundamentais na minha formação, como o professor Lacerda e o professor Nelson Sena.
BLOG. Como foi o período de estudo na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC e como está o campo de trabalho na sua área em Minas?
SIDNEY. Eu considero que aproveitei pouco o ambiente universitário, em vista de alguns colegas que praticamente moravam na PUC, rsrs. Eu assistia às aulas e ponto final. E tem uma coisa que fica em torno ao estudo acadêmico para a qual eu nunca tive a menor paciência: você parece ser obrigado a militar a respeito de algum assunto, qualquer que seja. Eu queria ter uma boa formação, e só. Tive alguns bons professores. Outros, verdadeiros assassinos do conhecimento, mas creio que esse seja um problema que exista em qualquer curso. Por isso acho que os estágios foram fundamentais na minha formação profissional. O destino me levou a trabalhar em televisão, o que não era exatamente a minha ideia quando prestei vestibular. Sempre achei que fosse trabalhar em revista, ou algum grande jornal do Rio. Talvez eu tenha deixado o barco à deriva por um tempo, e deu no que deu. Em BH, o mercado jornalístico é cíclico. Agora mesmo, enquanto vemos o lançamento da Vejinha BH, a Band e o SBT/Alterosa criando novos programas, um dos jornais de maior circulação na cidade acaba de fazer um corte imenso de funcionários.
BLOG. No tempo de faculdade, você fez parte do projeto Cidade Invisível. Como foi essa experiência e no que consistiu?
SIDNEY. Esse foi o projeto experimental do meu grupo. Na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, além da parte teórica - a famosa TCC -, ainda temos que apresentar um produto. E nós resolvemos trabalhar com jornalismo literário, por um simples motivo: uma boa história não precisa de gancho, nem tem que ser factual, precisa apenas ser bem contada. E fomos fundo pra mostrar uma Belo Horizonte que às vezes não percebemos que existe. E deu certo. Com o projeto, nós ganhamos o prêmio Intercom, o mais importante na área de estudos da comunicação do Brasil. E não podia ser diferente, meu grupo era diferenciado. Dele saíram grandes jornalistas que estão arrebentando por aí.
BLOG. Um de seus grandes passatempos é assistir séries de TV. Quais são as melhores e piores que você assistiu até hoje e quais gosta mais de assistir no momento?
SIDNEY. É, eu adoro. Acho que a primeira série que eu vi na vida foi Chaves, e, consequentemente, Chapolin. Depois veio Punk, a levada da breca. Anos depois vieram comédias como Fresh Prince, Full House e Step by Step. Aí o fenômeno Friends me acertou em cheio. O primeiro grande drama que acompanhei foi Lost, e, desde então, as séries são uma mania na minha vida. Não acompanho todas que eu gostaria, nem tenho tempo pra isso. Então nem sei falar sobre séries ruins. Se eu não gosto do piloto, eu largo mesmo, sem dó. A não ser que um amigo com bastante credibilidade me convença a continuar, prometendo que "depois melhora". Lost foi uma bela jornada de seis anos com um final decepcionante. Como telespectador, eu me senti traído. Nem tanto pelo resultado do que foi ao ar, mas pela impressão de que foi tudo decidido de última hora, parece que na véspera de começar gravar o episódio final os produtores ainda não sabiam que fim dar àquela saga. Hoje nós vivemos um período muito bom, com verdadeiras obras-primas no ar, como Breaking Bad, Damages (com Glenn Close arrebentando), Homeland e Game of Thrones. Sem falar que estamos na era de ouro das comédias: 30 Rock, Parks and Recreation, Modern Family, Veep, Community. Todas essas eu recomendo com louvor, vai por mim.
BLOG. E o nível da nossa televisão? O que você acha dos programas que se fazem atualmente na TV brasileira?
SIDNEY. Eu gosto muito de TV, quando era criança eu era vidrado. Sou da geração chamada "screenager". Não engrosso o coro daqueles que acham a TV brasileira o que há de pior. Eu não acho ruim, só acho chata mesmo. Hoje, pouquíssima coisa me empolga. Como TV é um negócio, e um negócio precisa de consumidores - no caso da TV, audiência -, as emissoras tentam não desagradar, para evitar rejeição e conseguir o maior número possível de telespectadores. E isso cria uma penca de programas insossos, de comunicadores insossos. Não há paixão. Eu me lembro do enredo as novelas que eu assistia quando era criança e me dá vontade de rir com o que eu vejo hoje. Até os comerciais eram mais interessantes que hoje. Dez anos atrás, eu era muito noveleiro. Hoje eu não consigo mais. Esta novela das 21h, Avenida Brasil, conseguiu trazer um pouco mais de ritmo. Ela tem um argumento idêntico à série de maior audiência nos Estados Unidos, atualmente: Revenge. É a filha que volta para vingar o pai que foi, de alguma maneira, injustiçado. E é curioso comparar os dois produtos. Parece que os americanos não têm medo de certos temas, de abordar certos tabus. Mas a TV brasileira tem alguns oásis, como o Altas Horas, o Profissão Repórter, e o Comédia MTV (difícil ver tanta gente talentosa reunida).
BLOG. Muito obrigado pela entrevista, Sidney!
SIDNEY. Eu adorei. Como não faço análise, gosto quando me vejo numa situação em que eu tenho que colocar em ordem a opinião que eu tenho sobre mim mesmo.
De primeira
Cidade onde nasceu. Caratinga (MG).
Cidade onde mora. Belo Horizonte (MG).
Ocupação. Jornalista.
Time do coração. Não gosto de futebol.
Cor preferida. Fui dar uma olhada no guarda-roupa e percebi que a maioria das minhas roupas é branca. Mas não foi nada planejado, juro.
Prato favorito. Arroz, feijão batido, farofa de farinha de milho com couve, frango assado.
Bebida favorita. Coca-Cola.
Hobby. Assistir seriados. Preciso de outro hobby com urgência.
Uma música. Vou me arrepender desta resposta antes da entrevista ser publicada, mas vou escolher "O quereres", do Caetano.
Um livro. O último que me marcou foi "A elegância do ouriço", de uma autora francesa chamada Muriel Barbery.
Um filme. Eu tenho uma certa dificuldade em fazer rankings, mas vou de "O segredo dos seus olhos".
Uma atriz brasileira. Fernanda Torres (sim, acho a filha melhor que a mãe, podem me apedrejar).
Um ator brasileiro. Antônio Fagundes.
Uma atriz estrangeira. Glenn Close.
Um ator estrangeiro. Hugh Laurie.
Ídolo esportivo. Não tenho, infelizmente.
Programa de TV preferido. 30 Rock.
Banda ou artista preferido. Tenho uma Santíssima Trindade: Chico-Caetano-Bethânia.
Ritmos musicais que escuta. 70% de música brasileira. E um pouco de rock e música latina.
Ritmos musicais que não gosta. Pop dos anos 90 pra cá.
O que mais gosta de comer, fora o prato favorito. Bobagens variadas.
O que não come de jeito nenhum. Comida japonesa.
Esporte favorito. Não curto muito.
Lugar mais bonito em que já esteve. Paris é a cidade mais bonita que eu já vi, mas não a que mais gostei.
País que gostaria de conhecer. No momento, Estados Unidos. Mas só por um motivo: Nova Iorque.
O Sidney, em até 140 caracteres. Eu sou um cara que tenta não piorar a vida das pessoas que convivem comigo. Se todos fizessem o mesmo, o mundo seria outro, certamente.
BLOG. Como foi o período de estudo na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC e como está o campo de trabalho na sua área em Minas?
SIDNEY. Eu considero que aproveitei pouco o ambiente universitário, em vista de alguns colegas que praticamente moravam na PUC, rsrs. Eu assistia às aulas e ponto final. E tem uma coisa que fica em torno ao estudo acadêmico para a qual eu nunca tive a menor paciência: você parece ser obrigado a militar a respeito de algum assunto, qualquer que seja. Eu queria ter uma boa formação, e só. Tive alguns bons professores. Outros, verdadeiros assassinos do conhecimento, mas creio que esse seja um problema que exista em qualquer curso. Por isso acho que os estágios foram fundamentais na minha formação profissional. O destino me levou a trabalhar em televisão, o que não era exatamente a minha ideia quando prestei vestibular. Sempre achei que fosse trabalhar em revista, ou algum grande jornal do Rio. Talvez eu tenha deixado o barco à deriva por um tempo, e deu no que deu. Em BH, o mercado jornalístico é cíclico. Agora mesmo, enquanto vemos o lançamento da Vejinha BH, a Band e o SBT/Alterosa criando novos programas, um dos jornais de maior circulação na cidade acaba de fazer um corte imenso de funcionários.
BLOG. No tempo de faculdade, você fez parte do projeto Cidade Invisível. Como foi essa experiência e no que consistiu?
SIDNEY. Esse foi o projeto experimental do meu grupo. Na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, além da parte teórica - a famosa TCC -, ainda temos que apresentar um produto. E nós resolvemos trabalhar com jornalismo literário, por um simples motivo: uma boa história não precisa de gancho, nem tem que ser factual, precisa apenas ser bem contada. E fomos fundo pra mostrar uma Belo Horizonte que às vezes não percebemos que existe. E deu certo. Com o projeto, nós ganhamos o prêmio Intercom, o mais importante na área de estudos da comunicação do Brasil. E não podia ser diferente, meu grupo era diferenciado. Dele saíram grandes jornalistas que estão arrebentando por aí.
BLOG. Um de seus grandes passatempos é assistir séries de TV. Quais são as melhores e piores que você assistiu até hoje e quais gosta mais de assistir no momento?
SIDNEY. É, eu adoro. Acho que a primeira série que eu vi na vida foi Chaves, e, consequentemente, Chapolin. Depois veio Punk, a levada da breca. Anos depois vieram comédias como Fresh Prince, Full House e Step by Step. Aí o fenômeno Friends me acertou em cheio. O primeiro grande drama que acompanhei foi Lost, e, desde então, as séries são uma mania na minha vida. Não acompanho todas que eu gostaria, nem tenho tempo pra isso. Então nem sei falar sobre séries ruins. Se eu não gosto do piloto, eu largo mesmo, sem dó. A não ser que um amigo com bastante credibilidade me convença a continuar, prometendo que "depois melhora". Lost foi uma bela jornada de seis anos com um final decepcionante. Como telespectador, eu me senti traído. Nem tanto pelo resultado do que foi ao ar, mas pela impressão de que foi tudo decidido de última hora, parece que na véspera de começar gravar o episódio final os produtores ainda não sabiam que fim dar àquela saga. Hoje nós vivemos um período muito bom, com verdadeiras obras-primas no ar, como Breaking Bad, Damages (com Glenn Close arrebentando), Homeland e Game of Thrones. Sem falar que estamos na era de ouro das comédias: 30 Rock, Parks and Recreation, Modern Family, Veep, Community. Todas essas eu recomendo com louvor, vai por mim.
BLOG. E o nível da nossa televisão? O que você acha dos programas que se fazem atualmente na TV brasileira?
SIDNEY. Eu gosto muito de TV, quando era criança eu era vidrado. Sou da geração chamada "screenager". Não engrosso o coro daqueles que acham a TV brasileira o que há de pior. Eu não acho ruim, só acho chata mesmo. Hoje, pouquíssima coisa me empolga. Como TV é um negócio, e um negócio precisa de consumidores - no caso da TV, audiência -, as emissoras tentam não desagradar, para evitar rejeição e conseguir o maior número possível de telespectadores. E isso cria uma penca de programas insossos, de comunicadores insossos. Não há paixão. Eu me lembro do enredo as novelas que eu assistia quando era criança e me dá vontade de rir com o que eu vejo hoje. Até os comerciais eram mais interessantes que hoje. Dez anos atrás, eu era muito noveleiro. Hoje eu não consigo mais. Esta novela das 21h, Avenida Brasil, conseguiu trazer um pouco mais de ritmo. Ela tem um argumento idêntico à série de maior audiência nos Estados Unidos, atualmente: Revenge. É a filha que volta para vingar o pai que foi, de alguma maneira, injustiçado. E é curioso comparar os dois produtos. Parece que os americanos não têm medo de certos temas, de abordar certos tabus. Mas a TV brasileira tem alguns oásis, como o Altas Horas, o Profissão Repórter, e o Comédia MTV (difícil ver tanta gente talentosa reunida).
BLOG. Muito obrigado pela entrevista, Sidney!
SIDNEY. Eu adorei. Como não faço análise, gosto quando me vejo numa situação em que eu tenho que colocar em ordem a opinião que eu tenho sobre mim mesmo.
De primeira
Cidade onde nasceu. Caratinga (MG).
Cidade onde mora. Belo Horizonte (MG).
Ocupação. Jornalista.
Time do coração. Não gosto de futebol.
Cor preferida. Fui dar uma olhada no guarda-roupa e percebi que a maioria das minhas roupas é branca. Mas não foi nada planejado, juro.
Prato favorito. Arroz, feijão batido, farofa de farinha de milho com couve, frango assado.
Bebida favorita. Coca-Cola.
Hobby. Assistir seriados. Preciso de outro hobby com urgência.
Uma música. Vou me arrepender desta resposta antes da entrevista ser publicada, mas vou escolher "O quereres", do Caetano.
Um livro. O último que me marcou foi "A elegância do ouriço", de uma autora francesa chamada Muriel Barbery.
Um filme. Eu tenho uma certa dificuldade em fazer rankings, mas vou de "O segredo dos seus olhos".
Uma atriz brasileira. Fernanda Torres (sim, acho a filha melhor que a mãe, podem me apedrejar).
Um ator brasileiro. Antônio Fagundes.
Uma atriz estrangeira. Glenn Close.
Um ator estrangeiro. Hugh Laurie.
Ídolo esportivo. Não tenho, infelizmente.
Programa de TV preferido. 30 Rock.
Banda ou artista preferido. Tenho uma Santíssima Trindade: Chico-Caetano-Bethânia.
Ritmos musicais que escuta. 70% de música brasileira. E um pouco de rock e música latina.
Ritmos musicais que não gosta. Pop dos anos 90 pra cá.
O que mais gosta de comer, fora o prato favorito. Bobagens variadas.
O que não come de jeito nenhum. Comida japonesa.
Esporte favorito. Não curto muito.
Lugar mais bonito em que já esteve. Paris é a cidade mais bonita que eu já vi, mas não a que mais gostei.
País que gostaria de conhecer. No momento, Estados Unidos. Mas só por um motivo: Nova Iorque.
O Sidney, em até 140 caracteres. Eu sou um cara que tenta não piorar a vida das pessoas que convivem comigo. Se todos fizessem o mesmo, o mundo seria outro, certamente.